domingo, 10 de janeiro de 2010

Meu País desgraçado

Meu país desgraçado!...
E no entanto há sol a cada canto
e não há mar tão lindo noutro lado.
Nem há céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas...

Meu país desgraçado!...
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
- busca dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o sol, o mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te , Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclamam filhos mais robustos!

Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
-olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por amor te não desprezam!


Sebastião da Gama

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